segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Marcas de luxo recriam logos para passar imagem sustentável;

 




 

A marca francesa Louis Vuitton e as italianas Prada e Valentino, três gigantes do luxo, reformularam seus próprios logotipos para estamparem produtos classificados como sustentáveis. Os diferentes designs brincam com o símbolo clássico da reciclagem e visam passar uma imagem eco-friendly das marcas.

O que levaria uma casa com séculos de tradição como a Louis Vuitton a mudar seu icônico monograma? A estratégia ousada, que veio justamente de uma marca que zela pelo próprio legado, é um ótimo exemplo de como as empresas da moda perceberam que precisam recalcular a rota para atender às novas demandas dos consumidores.

O “LV” da marca francesa perdeu as linhas retas, ganhou setas e foi redesenhado de uma forma que remete ao símbolo da reciclagem. Apareceu pela primeira vez ainda em 2020, na coleção de primavera/verão da linha da masculina, que tinha Virgil Abloh como diretor criativo. E é o símbolo que carimba o novo tênis da label, feito com 90% de material reciclado e que chega às lojas em setembro.

As etiquetas italianas Valentino e Prada não querem ficar para trás. A primeira também remodelou seu logotipo com o símbolo da reciclagem como referência. O motivo? Promover um tênis confeccionado a partir de materiais reciclados e com base biológica.

Já a Prada, que tem no comando Miuccia Prada, neta do fundador, possui esforços mais antigos em passar uma imagem sustentável. A marca que conquistou fãs com suas bolsas e mochilas em nylon anunciou, ainda em 2019, o compromisso de encerrar o uso de nylon virgem em suas criações.

Mudança x Greenwashing

É importante que as gigantes do mercado de moda estejam dispostas a mudar as próprias condutas e a adotar práticas mais sustentáveis. Porém, é preciso que o consumidor esteja atento ao que é só narrativa e o que é, de fato, mudança. Na ânsia de querer ser eco-friendly, as marcas podem cair no chamado greenwashing.

O greenwashing, que pode ser traduzido como “lavagem verde”, é usado para designar “a forma que empresas adotam para passar uma aparência sustentável”, explica Paula Flórido, diretora de marketing da Dover Fueling Solution, à coluna. A professora de marketing do Centro Universitário Iesb, Dra Kátia Balduíno de Souza, explica que a prática “é uma maquiagem de uma empresa que não adota técnicas ambientalistas de maneira correta”.

Apesar de ser possível lucrar por meio dessa “maquiagem”, o tiro pode sair pela culatra. Isso porque o consumidor da atualidade “é antenado e quer comprovação”, segundo Paula Flórido. “O cliente não se contenta em saber que um produto é orgânico: ele quer saber que órgão o certificou”, explica.

Por isso, a professora Kátia Balduíno de Souza faz a ressalva. “Quando uma estratégia de marketing é mal posicionada, pode acabar fazendo com que o público-alvo vá para as redes sociais se manifestar contrário à empresa, o que vai gerar uma imagem negativa em um momento que a comunicação não é passiva e silenciosa”, completa.

Paula Flórido tem uma visão otimista e acredita que mesmo as instituições que praticam o greenwashing podem mudar as condutas. Segundo ela, há casos em que empresas implementam “uma cultura mais voltada para o meio ambiente e descobrem que é possível iniciar uma jornada de longo prazo”. Já aos consumidores e à imprensa cabe o papel de ser atento às estratégias e sempre questionar.

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